segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Votar ou não votar

"Está a dizer-me que o voto em branco é subversivo, tornaria ela a perguntar. Se for em quantidades excessivas, sim senhor, E onde é que isso está escrito, na constituição, na lei eleitoral, nos dez mandamentos (...) Escrito, escrito, não está, mas qualquer pessoa tem de perceber que se trata de uma simples questão de hierarquia de valores e de senso comum, primeiro estão os votos explícitos, depois vêm os brancos, depois os nulos, finalmente as abstenções, está-se mesmo a ver que a democracia ficará em perigo se uma destas categorias secundárias passar à frente da principal"

José Saramago, in Ensaio sobre a Lucidez

Não me quero alongar mais, mas dizer-te amigo Gordo, não me levarás a mal, partilho da tua opinião, mas discordo em dois pontos.

"Votar não é um direito, é um dever". Governar, sim é um dever. Votar é um direito que nos foi consagrado com a liberdade, e tudo o que seja estabelecido de forma coerciva não pressupõe o livre arbítrio. Confúcio referiu que "antes de libertares um homem, pergunta-lhe se quer ser livre". Votar como obrigação, não obrigado. Nunca falhei um momento eleitoral, faço-o porque só desta forma legítimo a minha participação activa na vida politica, e só isso me dá crédito para elogiar ou mal-dizer.
O descontentamento exprime-se com o voto, branco que seja.

O segundo ponto, "Temos os políticos que o povo merece", acredito que alguns tenham, mas o povo, o povo que eu vejo, o povo que vive amargurado e que como tu, eu e outros que tal se esforçam para dar algo a este País, nós, este povo, não merecemos claramente os políticos que temos. Assim como eles não merecem os eleitores que os elevaram.

2 comentários:

  1. Pois eu mantenho a minha posição e desde já coloco todas as minhas capacidades de futurologia e digo já que dentro em breve teremos níveis de abstenção que irão chegar aos 70%.

    Isto porque cada vez menos as pessoas se interessam por politica e quem se interessa vai deixar de votar por comodidade... a juventude de hoje me quer sequer ouvir falar de eleições ou politiquice's e portanto...

    O povo merece os políticos que tem, porque toda a gente vê corrupções desde nível politico a nível judicial a passarem impunes e continuamos a tolerar sem fazermos absolutamente nada... nem votar que é a única arma do povo usamos... temos o que merecemos (genericamente)

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  2. O facto de a política não servir os interesses do povo mas sim os interesses pessoais que quem lá está fez com que as pessoas se afastassem da politica. E não é preciso ser um grande adivinho para prever que a abstenção vai aumentar.

    A politica tem que ir ao encontro do povo. Esta campanha seguiu em sentido oposto. De todos os candidatos, não vi nenhum com grandes ideias (não será a um PR que se pedirá grande parte deles, mas ao Governo), mas vi ataques pessoas da mais variada ordem e aquele que se afastou mais dessa linha acaba por ser justo vencedor.

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