sábado, 5 de março de 2011

A guerra na Educação



Bem, depois de uma acesa troca de galhardetes, a oposição uniu-se e acabou com o decreto lei que determinava o fim das disciplinas Área de Projecto e Estudo Acompanhado.

Vou antes demais dar a minha opinião quanto às disciplinas em questão, pessoalmente, tendo em conta que hoje em dia a maioria dos jovens não detêm atenção suficiente em casa na sua educação e estruturação como pessoas, manter somente em disciplinas curriculares como matemática, físico-química, português, inglês, ciências e outras, é um erro...

Os professores hoje em dia são as pessoas com quem eles passam a grande maioria do tempo e acho que disciplinas como Estudo Acompanhado e Área de Projecto, tal como Formação Cívica, são importantes já que se lhe dá formação e competências de como planear, estudar, organizar, concretizar, formar acima de tudo bom material de estudo e socialização entre pares, parece-me uma ideia excelente.

A Área de Projecto pessoalmente parece-me divina já que a sua ideia é promover algo que a grande maioria dos adultos lhes falta, traçar planos, objectivos e desenvolver algo nos mais diversos temas escolhidos por eles ou pela escola. Que podem ajudar na sua formação (dependendo do tema) mas que trariam de certeza competências que lhes podem valer mais tarde em projectos mais a sério, é uma ideia magnifica...

No entanto, infelizmente, grande parte destas ideias são adulteradas e vemos muitas vezes aulas de Área de Projecto com professores pura e simplesmente a fazerem passar o tempo, vemos Áreas de Projecto de 8º ano a tentar colmatar o erro de acabar com TIC de 8º, vemos professores a utilizarem o Estudo Acompanhado para fazerem trabalhos de casa das disciplinas dos próprios ou de colegas.

Bem, vejo que ao fim ao cabo, boas ideias só as são se concretizadas correctamente.

Se concordo com o fim dessas disciplinas?!

Sinceramente, quanto a Estudo Acompanhado, o mais certo é que os mais favorecidos pegassem nos seus filhos e em vez de a terem na escola, teriam-no num centro de estudo qualquer, enquanto os menos favorecidos colocariam os filhos a deambular por casa ou pelas ruas e cafés enquanto eles não chegassem a casa.

Por isso, penso que para os alunos, até é bom a permanência das disciplinas, para os mais de 10.000 professores que não veriam renovados os contractos também, para o ministério da educação, obviamente é um retrocesso no seu pseudo-projecto de reestruturação da educação...

Agora, aquele choradinho de "oh mamã eles bateram-me e são maus" da ministra, foi um pouco triste de assistir.

Eu sou totalmente favorável a uma reorganização da educação, uma reorganização que já deveria ter acontecido à muitos anos atrás, principalmente na parte académica.

Na minha óptica, acho que até ao 9º Ano, os alunos deveriam ter efectivamente uma base em que os apresentasse a todos os temas curriculares e não curriculares que hoje temos. Tirando TIC que passaria para o 7º Ano e Área de Projecto somente para o 9º Ano.

Depois, a coisa mudava radicalmente, haviam disciplinas base, Matemática, Físico-Química, Educação-Física e Português, depois, os alunos escolhiam os módulos que queriam fazer e a que disciplinas lhes interessava mais como Inglês, Ciências, Alemão, Francês, História, Espanhol, Informática, Filosofia, Artes e outras. divididas em módulos que correspondiam a créditos.

E o ano lectivo era definido em conformidade com o numero de créditos.

Não haveria Matemática A, B, C. Haveria módulos nas mais diversas disciplinas, módulos esses que os alunos teriam que ter para aceder a determinados cursos da universidade.

Existem coisas quase irreais hoje em dia no nosso ensino, por exemplo, eu se decidir que gostaria de ser Engenheiro Informático, teria toda a lógica que no 9º Ano escolhesse o Profissional de Informática, pois quando chegasse à universidade já teria uma bagagem razoável naquela área, no entanto, tendo em conta que o curso Profissionais de Informática tem Matemática B no seu currículo e as Engenharias exigem Matemática A, obrigam o aluno a fazer por si, exames de Matemática A totalmente sobre sua responsabilidade, ou seja, com recurso a explicações ou se for numa boa escola pode assistir a algumas aulas de Matemática A (dependendo dos professores e dos horários). No entanto, continua a ser obrigado a ir a Matemática B.

Ou então a ir para um CET, que é basicamente um pré-curso na Universidade que lhe faz gastar um ano lectivo sem garantias de entrar no curso efectivo já que a maioria tem um limite para entradas.

E o mais ridículo de tudo, é que se um aluno seguir a via de Ciências, terá a dita Matemática A, mas no entanto, desde o 9º Ano não terá qualquer outra disciplina de Informática, o que significa que irá para universidade sem saber sequer o que é o Excel ou Access, quanto mais sobre programação ou redes.

Minto, existe uma disciplina opcional para o 12º Ano, que quase nenhuma escola tem como opção.

Isto passa-se em todas as saídas, Turismo, Artes e afins, se eles quiserem ir para a universidade têm de tirar Português A ou Geometria Descritiva por sua conta.

Falhas e mais falhas que se conjugam com a burocracia que impõem aos professores com a promoção do facilitismo e impunidade nos alunos.

Mas isso são outras conversas para outros tópicos...

3 comentários:

  1. Gordo amigo... propostas muitissimo razoavéis para iniciar um trabalho sério de reorganização curricular... sério, não esta coisa igual a todas as outras feitas ao longo das ultimas décadas pelos ministros da tutela... em cima dos joelhos!

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